25 março 2009

Outono

Nasci por uma infelicidade entre aqueles que não sabem viver impunemente.
Não sou desses que andam por aí felizes a qualquer custo.
Sou (que droga) daqueles que param e pesam, refletem, ou seja, sofrem.Mas sofremos tentando a felicidade, nem que seja por um milésimo de segundo.

Agora estou num doloroso (mas libertador como costuma ser) processo de morte.

Eles estão morrendo: os amores teimosos, umas esperanças, muito carinho, alguma sensibilidade, algumas amizades, muita tolerãncia, muita paciência, bastante da resistente ingenuidade, algo de doce, algo que canta, aquele sorriso que dei a alguém, aquele piscar de compreensão, morrendo, uns repentinamente, outros agonizam por horas, dias.

Agora entendo (sinto) como as árvores vivem no outono, vendo suas folhas secarem, caírem, morrerem, se sentem cadáveres também.
Não quero pensar em primavera ainda, morreu muita esperança, a que acreditava na primavera está morre-não-morre. "Não sabemos se resistirá" dizem os médicos com pesar.

É outono agora, com licença aos ainda queridos, é outono e preciso de espaço, de ar, de tempo e de lenços de papel.