19 outubro 2009

Às Noites


As noites andam dizendo que é preciso terminar de amar.
Abrir os olhos durante a madrugada , fitar o teto branco e impiedoso, apenas ouvir a própria respiração.
A noite diz: sozinho.

É preciso pegar o medo de viver e suspendê-lo acima da cabeça: fora do alcance da nossa própria visão.
Salvar a doçura dos pés que a pisam: carinho é como uma frutinha que fácil se esmaga.
Muito suco desperdiçado.

A noite sopra ventos frios vindos de todas as direções, principalmente do norte.
É preciso se abraçar: solitário gesto de envolver os ombros com as próprias mãos.

A noite reclama: quero choro ou riso , nunca o silêncio.
É preciso silenciar: a noite não pode ser dona dos olhos e bocas.

A noite chama para dormir. É preciso acordar, atrevido, fitar o teto, ouvir o soluço.
As noites mandam, dizem, pedem, clamam, gritam.

É preciso manter a calma: sozinho, a gente termina o amor que nunca devia ter começado.