20 setembro 2009

Balelas

_É rapidinho: me diz como é estar apaixonado.
_Ah, não sei dizer, fica tocando música na sua cabeça o tempo todo
_E isso é bom? como consegue dormir?
_É bom sim, são sempre músicas bonitas, e quando você dorme, sonha com elas.
_Mas é porque você é muito romântico né?
_Sou sim, o tempo todo
_Eu não sou.
_O que você sente quando ama alguém?
_Te perguntei justamente pelas minhas dúvidas, mas você é romântico e eu sou da galera do realismo-fantástico.
_Não entendi... como é isso? É tipo como na literatura..?
_Não, é diferente... mas é inexplicável, se eu conseguir explicar, serei um romântico como você.
_Então na sua cabeça não toca música.. é isso?
_Toca... música tipo de desenho animado, e sempre penso que vou levar uma topada e cair.
_Que diferente.
_Sim, muito, isso é ser realista-fantástico.
_E é bom ser isso?
_Eu acho bom... se você quiser saber como é , vai na reunião do nosso clube, é dia de quarta feira...
_Ah, tem reunião? vocês são organizados né... nós românticos não somos.
_É, vocês são cheios de problemas.
_Bom, tenho que partir.
_Eu também, lá vem meu ônib .. ops meu cavalo azul alado que me levará a montanhas distantes de terras onde tudo é amor de verdade.
_Puxa, me dá uma carona então??
_Não seu bobo, isso não existe! Toh brincando né...
_Puxa vida...por um momento eu pensei...
_Não chora cara.... olha chegou teu ônibus... cuidado!!! olha, sujou você de lama.
_Tudo bem.. tchau
_ Tchau né.

16 setembro 2009

Bi-Bi


É um exercício escrever a essa hora: são 17:31h.
É hora de passagem, de pegar toalha pra banho, de sentir o cheiro da sopa do jantar, e o som das pessoas na rua saindo de seus trabalhos.

É aquela hora que a gente só termina as coisas.
Mas eu vou começar a escrever um texto. Agora, nessa hora incoveniente.

Lembrei que no Natal, as luzes que enfeitam a cidade começam a brilhar a partir dessa hora.
Sempre achei que seria impossível para mim escrever (pensar criar) algo nessa hora.
Mas são 17:35 (que bonito número).

Que estou sentindo além da aflição de escrever a essa hora?
Já sei: essa não é a minha hora de sentir saudade, amor, paixão, solidão, tristeza, ânimo, paz nem alegria.
É uma hora de não-sensações, é a hora de ações robóticas.

É pra declamar palavras como "departamento" "tráfego" "pedestres" "atraso" "fechadura" "chave" e "correria". É também hora de se ouvir buzinas e assobios.

Pronto, escrevi sobre um caos lá fora e que eu não acompanho.
Meu caos é em outra hora, agora sou um ser racional que sabe que tem que tomar banho, jantar e ir pro meu compromisso de todas as noites.

17:42.
Sem poesia.
Ufa!

12 setembro 2009

Moinho de Vento.

O que estou tentando dizer é que as canções não bastam.
As leituras que fazemos nem os filmes que assistimos.
Falta muita coisa

É ilusão se sentir entendido: na verdade o que reina é a dúvida.
A Infinda Luta do Cavaleiro Solitário Em Busca da Felicidade no Reino da Dúvida.

Só que não é luta propriamente, nem sou propriamente um cavaleiro nem solitário nem buscando a felicidade.

Não busco nada, estou voltando olhando pro chão porque perdi algo que caiu do meu bolso.
O que há de solidão nisso tudo é que lutar para ser feliz é algo que se faz sozinho.

Certo, falarei por mim então. Luto sozinho para ser feliz.
Não sou um lutador, já disse, nem solitário. Nem feliz.

Sou é personagem mítico no Reino da Dúvida, porque tenho cá umas certezas.
Camponeses me vêem à noite vagando em bosques e por entre as paredes de castelos.

Sigo um fio agora: as canções não bastam porque só despertam dragões que deveriam viver adormecidos por forte sossega-leão.
Mas imprudente eu canto e eles acordam, dragões-paixões, bichos de um mundo além do sensível, monstros que depois me devoram nas noites que passo em claro pensando nos novos rostos e nomes.

A Não-Luta do Não-Cavaleiro Não-Solitário Na Não-Busca da Não-Felicidade.
É assim que a história deveria se chamar.