29 agosto 2006

Ainda Falando, Amando E Vivendo.



Escrevo contra minha vontade.
Aliás, amo contra minha vontade
Vivo contra minha vontade.

Quem me obriga a fazer essas coisas é a minha velha amiga estúpida, a Esperança.

Acredito nela contra minha vontade.
Por mim, me calava, odiava e morria.

Minha amiga esperança tem uma inimiga mortal, a Vida.
Talvez ela seja mais minha inimiga, pois todo dia pontualmente tem uma rasteira pra me dar.
Mas dizem que ela é bonita, é bonita e é bonita.
Bom, minha amiga Esperança também diz isso.
Mas ela é burra, burra, e cega também.
E como eu já disse antes, tem problemas de audição.
Mas é super competente a minha amiga.
Me leva a fazer tanta coisa!
Ela me ensina a fazer minha parte.
E eu faço, obediente.

Ela me diz que devo viver porque um dia serei amado!
E eu contra minha vontade acredito.

Mas devo parabenizar também a Vida.
Ela também é super competente.
Todo dia ela vem me mostrar o contrário do que a Esperança diz.
Apanho dela... levo bofetadas em cheio, ela cospe na minha cara e ri.
Depois sai pra beijar seus protegidos.
Não sei porque ela jamais gostou de mim.

Já a coitada da Esperança, me adora.
Jamais me larga.
Eu gosto dela também...

A Esperança tem soldados que me auxiliam a acreditar.
Eu os chamo de amigos.
A Vida também tem os soldados dela.
Não posso evitá-los porque eles estão ao meu redor do mesmo jeito.
Mas treinados pra me destruir.
Alguns nem sabem, coitados.
Ou até sabem... enfim, eu só acredito na Esperança.

Ela me acordou hoje, a Esperança.
Ela disse "acorda!!!!é mais um dia!"
E eu contra minha vontade, acordei.

Ela diz que um dia a Vida vai ser minha amiga também.
E eu contra minha vontade acredito.

Continuo fazendo minha parte.
É difícil e dolorosa, mas faço tudinho.
Não quero que me acusem de não correr atrás da Felicidade.
Essa não é minha amiga nem inimiga, eu simplesmente não a conheço.

"Um dia de cada vez", me diz a Esperança.
Às vezes duvido dela... a acho tão inacreditável!
Mas ela faz parte de mim.
Se ela não me faz feliz, pelo menos tenta.
E tudo que eu ainda tento, é por ela.

27 agosto 2006

Ô Juventude Bonita!

Nem experimenta, já rejeita.
É assim com as crianças, se a comida não tem aparência atraente, não importa o gosto.
Se vira a cara.
Uma vez ouvi: "criança gosta de cores, desenhos, música tem que ser animada e fácil de se cantar... que dê pra ela pular e se divertir."

O que é ser adulto?
Pra muitas pessoas, é apenas medir um pouco mais do que antes.
Porque continuam crianças.


Não no sentido positivo: perdoar fácil, ter a confiança original, a energia e a humildade de aprender.
Mas no negativo é mais freqüente: Depois que "crescem" continuam escolhendo o prato pela aparência e brincando de viver.

O que são os adultos de hoje em dia?
Os jovens que se orgulham de não serem mais crianças?

Eles pensam?
Eles decidem?

Ou eles escolhem os parceiros pela boa roupa, pelo cabelo da moda, pelos belos olhos de lentes de contato coloridas?
Eles escolhem seus companheiros (amigos, amantes) pelo caráter, pelas ações, pelos valores, ou pelo bolso, pelo corpo esculpido ou pela popularidade?

Me lembram os doces coloridíssimos que crianças adoram e que provocam cárie e dor de barriga depois.
Mas quando adultos, não mudam. Ainda os querem.


Se você está com a roupa certa, e é agradável de se ver, então você pode falar a bobagem que quiser, pode ser fútil.
Pode mentir, pode ser desonesto, pode trair e aprontar todas.
Será perdoado, e até admirado.
Porque se quem lhe vê não pensa, também não enxerga, não sente.
Não faz nada, só se mostra.

Que músicas eles ouvem?
Aquelas que fazem pensar, refletir, as que falam algo afinal, ou as que fazem dançar apenas?
Música pra dançar é pra dançar, música pra pensar é pra pensar.

Mas nossa linda juventude ouve música pra pensar?
Ela lê algo?
Ela FAZ ALGO?
Pensar pra muitos é atividade inútil... "o negócio é CARPE DIEM"!!!!

Bom, quem sabe no final , são até mais felizes, não é mesmo?
Anestesia faz passar a dor.

Nós, a juventude...
Como somos belos, não?
Sim, somos bonitos.

E o que mais?

Morro Porque Amo


Amo porque vivo
Vivo porque sei
Sei porque vi
Vi porque cri
Cri porque chorei
Chorei porque sofri
Sofro porque sei
Sei porque vejo
Vejo porque vivo

Vivo porque amo.

05 agosto 2006

"Uma Pausa De Mil Compassos."


Nunca fui tão infeliz.

As palavras já cessaram.
O riso já se calou.

Me restou na face um olhar de espanto.
Como quem achou que haveria um caminho.
E encontrou um muro sem fim.
Nem um passo mais é possível.

O segredo é a grande questão.
Não saber realmente porque os ombros se curvaram, cansados.

Ou saber tanto, que parece não ser possível.

"Nada sei desse mar, nado sem saber."
Ou me afogo sem saber.
"Se soubesse não nascia."

Me calarei agora.
Os dedos também cansaram de escrever sobre a dor.
E eles doem também.

Nem uma lágrima derramo.
Enquanto há lágrima há esperança.
Mas os olhos com o tempo, viram desertos.

Vida, me calarei!
Até que você mesma retire a mordaça da minha boca.
Sim, pois foi você que a colocou, não me culpe pelo desastre.

Vou me calando num processo de sepultamento.
Só o pensamento voa.
O peito suspira pesado.
As mãos tremem e caem ao longo do corpo.

Me silencio.

04 agosto 2006

Uma Terra Fria.


.....

_Mãe, qual a diferença entre amor e paixão?
_Humm.. dizem que amor é um sentimento calmo, profundo e certo. A paixão é voluptuosa e fervilhante, faz as pessoas tremerem e sentirem calafrios.
_Então a paixão é mais legal??
_Não sei..
_Mãe, quando amamos alguém, devemos dizer a essa pessoa que a gente a ama?
_Dizem que sim.
_E a senhora o que diz?
_Não digo nada, não amo ninguém.
_E papai??
_Não amo seu pai.
_E.. eu???
_Tampouco.
_A senhora se ama?
_Não.
_Nunca amou?
_Não sei.
_ A senhora é feliz?
_Não.
_Se amasse seria?
_Se eu amasse, seria mais infeliz.
_Devo amar ou devo ser igual à senhora?
_Faça o que você quiser, nada importa.
_Se eu disser que lhe amo, a senhora vai me amar também?
_Não, não funciona assim.
_O que eu tenho que fazer pra que a senhora me ame?
_Calar a boca.
.....

Esse diálogo fictício é perfeitamente possível.

Se fala tanto em amor, e nem percebemos que ele está prestes a virar lenda.
Diz a Bíblia: "Nos últimos dias, o amor de muitos esfriará."

E o mundo se tornou esse lugar terrível de se viver.

02 agosto 2006

Um Filme, Uma Obra de Ficção.

Sempre gostei de cinema.
E sempre assisti comédias românticas também.
Mas um dia, quando vivi, percebi a grande diferença.

Ainda assisto comédias românticas, mas com o mesmo espírito de quem assiste um filme de ficção científica.
Simplesmente porque na minha opinião a comédia romântica aliena. Tanto ou mais que um filme de romance mais sério, pois ela se aproxima mais do cotidiano, faz com que nos identifiquemos mais, e usa uma linguagem mais próxima do real.
Pra contar uma história muito distante dessa mesma realidade.

Há algumas semanas assisti um filme desses.
Uma mulher já na casa dos 30, era a única na família que ainda não tinha casado.
Os irmãos e familiares tentavam "arranjar alguém" pra ela.
Até que ela usou mão dos serviços da internet para encontrar um "candidato".
Apareceram vários.( Claro, porque é um filme, uma obra de ficção)

Ela foi a vários encontros e esteve diante de vários tipos de homens.
Um falava alto, outro chorava fácil, outro fazia qualquer coisa lá que não combinava com a imagem do "príncipe encantado que ia transformar a noite dela num sonho".
Ela, lógico, descartava todos esses num piscar de olhos, eram mostrados como patéticos, ridículos (talvez de fato fossem), e portanto, a "mocinha, grande estrela e mulher charmosa e especial que ela era", não merecia tal coisa.
Até que, (Claro, como é um filme, uma obra de ficção) ela encontra aquele que fala as coisas certas nas horas certas e até seus pequenos defeitos são "encantadores" e divertidos.

O príncipe encantado!!!!!!!!!

Ok, como você, pessoa comum e filha de Deus, sairia do cinema?
Mesmo no subconsciente, da próxima vez que você fosse conhecer alguém, iria aplicar uns padrões "elimina sapo/encontra príncipe".
E sinto muito, mas grandes chances seriam de você se dar muito,mas muito mal.

Porque simplesmente não estamos num filme, e o roteiro da nossa vida não foi escrito pelas mãos de um roteirista que quer arrastar pessoas ao cinema e deixá-las encantadas.

Na vida real é tão diferente...
Muitas vezes é a pessoa que fala alto, que tem um problema de dicção ou qualquer mania estranha, que vai nos proporcionar momentos de felicidade.
Mas nós nem paramos pra dar uma chance a elas... porque nosso pensamentos está em quem vai falar as coisas certas na hora certa, e cujos defeitos serão encantadores e divertidos.

Essa pessoa existe?
Pode até existir...mas pode ser que ela não goste de você... pode ser que ela more no pólo sul ou já tenha morrido no século XVII.
E aí?
E aí que o resultado será a solidão e uma vida sem amores.
Espere o príncipe encantado ou a princesa de cachinhos dourados e o que você encontrará pode ser as teias de aranha no seu quarto e seu reflexo envelhecido no espelho....passou a vida esperando.
Não estou pregando a desilusão, nem a amargura.
Estou contando que a vida precisa ser entendida como algo real onde tudo pode acontecer, de bom, e de ruim também.
E quando assistir comédias românticas, lembre-se:
É um filme, uma obra de ficção.