05 setembro 2011

Bruxos


Temos boas intenções, somos solidários, muitos de nós choramos quando vemos a delicadeza, o milagre ou mesmo a dor nossa refletida em alguém.
Porque sempre nos comove a dor alheia mais que a nossa,
Deve ser por causa do nosso orgulho.
Sei lá.

Hoje estou só pra suspeitar das coisas.

Porém
Eu e você somos chamados de amargos, mal humorados, intolerantes, ácidos, sarcásticos, chatos.
Nossa energia é pesada? Escura? Negativa?
Deve ser. Pode Ser.

Uma frágil defesa: somos infelizes.
Sonhamos mil castelos e todos desabaram, os de areia e os de pedra.
Nosso choro ao deitar e olhar o teto acumula uma cor cinza em nossos olhos que continua de manhã quando acordamos.
Não nos culpe, não nos hostilize.

Um dia, alguém apagou a luz na nossa cara e nossa voz se tornou rouca pra sempre.
Olha nossa solidão: palpável.

Na primavera, geralmente sorrimos, amamos a natureza, estamos ligados ao cosmos de maneira tão selvagem e desarvoradamente feliz.
Prove nossa energia então, ela será leve, clara, positiva.

Não nos culpe, não nos tenha piedade tampouco.
Somos vítimas apenas de nós mesmos.
Dos nossos sonhos de gente sem juízo, da nossa criança que não cresceu e hoje nos faz meter o dedo em tomadas, tomar banhos de chuva e ganhar resfriados incuráveis.

A maldade da criança.
É a nossa.
Nada justifica, talvez sequer explique.

Mas o direito de ser ainda temos.
E por ele ainda teimamos em nossos castelos.
Quem sabe um deles, do mais frágil material, o amor, sobreviva e nós também sobrevivamos dentro dele.