23 agosto 2012
Silenciando
Aguardo ansiosamente a hora do choro final
Aquele quando você sabe que acabou
As lanternas sinalizando os barcos
O cheiro rançoso de alívio do amanhecer.
Tão cansado de pregar estacas
No peito dos vampiros, que nunca morrem
Métodos e mais métodos que enfim, não funcionam.
Esperar aquele trem que todos disseram quebrado
Em alguma estação longínqua, polinésia.
Falar e falar sobre lírios, achando-os obscuros mesmo na brancura
A troco de nada, falar deles
Eles não existem.
Bater palmas de satisfação
Mal o movimento das mãos eu tenho
Velhice, entrevamento, desgosto
Pra quê o esforço?
Saber das coisas novas
Aguardo com ânsia de sangue
O momento em que todas elas se mostrarão falhas e inúteis
Cansado de cantar vitória
Lendário, mitológico, trovador ingênuo
Como alguém da Prússia ou da Pérsia
Ou de qualquer lugar que mudou de nome
Se fossem facilmente destacáveis
Retiraria sem dó esses lábios postiços
Engenhosidade de fina e triste ironia
Mas até na extirpação eles causariam dor
Cansado de estar disposto a sofrer.
Cansado dessas migalhas felizes que vem e vão
Como algas mal cheirosas e de aspecto desagradável na maré
Se enroscando em nossos pés como um presente da natureza
E eu disfarçando o asco e agradecendo a gentileza.
Adeus, gentileza
Não gosto, odeio, abomino e desprezo tuas migalhas
Cuspo nesse prato imundo que me deste de comer
Pois saiba que há um segredo:
Passei fome até hoje.
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