09 março 2011

Dúvida.


Trago comigo todos os fantasmas que me assombram no decorrer do ano
Transformo em palavras o barulho das correntes que arrastam

Tenho vontade de sair simplificando o mundo, desbaratando os ecossistemas
Como alguém que tenta arrumar sua bagunça e destrói uma obra-prima
Isso tudo é porque: sou ser em conflito
Quero levantar questões e depois silenciar os protestos, pedindo paz.

Na verdade,
Acho tristes os homens muito belos
E as mulheres, o modo como falam com seus amores.

Sou desconfiado com os poetas ditos atormentados
Porque minha normalidade é tão serena que quero explodir vez em quando

Em anos ímpares, quando o amor não rege minha ordem natural das coisas, fico assim.
Desapercebido, bobo, alerta no momento errado.

Me calo quando alguém diz "a idade chegando"
Ou
"O tempo voa".
Me calo magoadíssimo com esse diluir de anos, essa roda viva.
Baixo os olhos, cínico e inconformado.
Mas incapaz de gritar, ou de rejuvenescer.

Transbordo de perguntas, a principal delas diz respeito ao amanhã:

O que vou fazer caso meu conflito acabe, antes mesmo de eu terminar de inventa-lo?

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