19 julho 2015

Letal



Sorrateiramente pela madrugada

Chega a mancha da assustadora constatação:
A vida é uma grande surra.
Nossos corpos acordam doloridos e com marcas.

Vergões roxos.
Não há nenhuma canção de ninar que nos salve de sermos atacados durante o sono.

Repentina como um infarto
Instala-se a perturbadora certeza:
O amor é o diabo.
Nossos olhos cheios de morte e miséria.

Retinas retintas.
Corpos sendo arrastados por um inferno azul.

Ensandecido como eu apaixonado
Assenta-se sobre o peito raquítico:
O mundo inteiro, pesado e pétreo.
A solidão é cristalina.
Uma fonte onde empurram nossa cabeça pra baixo.

Afogados em sangue
Pés descalçados para dormir
Como se simplesmente pudessem.

Loucura tropical fatal transmitida por mosquito.
Para morrer dela, basta, como um tolo suado e dilatado, acreditar.

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