31 agosto 2007

"Alguém Com Os Pés Na Água..."


Depois de muuito tempo sem postar nada, senti a necessidade de vir dizer umas coisas:


1- É para mim, ítem de primeira necessidade, tampões de ouvido, pois certos chamados da vida não devemos ouvir nem atender.

Porque lembro que ia passando e uma voz me chamou: "ei, vem cá!"

Atendi seu chamado e desde então vêm dores, amores, paz, guerra, noites e manhãs. Hoje eu penso que devia ter usado tampões de ouvido.


2- Ainda não sei se o tempo cura alguma coisa, ou se ele apenas modifica, pela sua implacável ação. Cabelos vão caindo e ficando brancos, rugas aparecem onde não existiam, e o sono parece ser menos dispensável, mas aquele amor ou aquela mágoa parecem apenas mudar de forma,mas não somem/curam-se.

Talvez seja essa a diferença entre envelhecer e amadurecer, talvez o amadurecimento cure, o tempo só envelheça.


3- Não ando querendo falar de amor nem de amar, finjo que não me importo, ou faço de conta que não sei o que é isso. "Amor? o quê? como assim??"

Mas sei bem, pobre de mim.

E não querendo falar, falo. Porque é a parte que me cabe nesse latifúndio.


4- E quando penso na solidão ou no desamor, eu imediatamente lembro da prova que não estudei e já é amanhã ou dos meus cds que ainda não arrumei na estante, e ponho as mãos na cabeça e me desespero "meu Deus!!! não estudei pra prova, e agora???????" e continuo o faz-de-conta, de que são esses os problemas que me afligem, quando na verdade, são os únicos que eu tiro de letra.


5- Fui a uma serra muito bonita mas a única coisa que fiz foi tirar fotos e molhar meus pés na água fria e agradável. Como teria sido se eu tivesse me molhado todo e não só os pés? Me vejo sentindo frio e perdendo as lentes de contato. Deve ter um jeito da gente aproveitar a natureza sem ter aborrecimentos.


6- Quem me conhece sabe que eu canto em grupos e corais, e outro dia ouvi uma gravação e minha voz grave e urgente cantava "quem tem amor ausente já viveu a minha dor", e senti TANTO carinho por mim mesmo, aquela voz nunca foi tão minha. Identifiquei cada nota de carinho, calor e tristeza impregnada na minha própria voz grave e urgente.

É, eu sou grave e urgente.


7- Ando sorrindo muito quando estou com meus amigos, mas lógico, sinto falta do sorriso de antes. Hoje é mais uma coisa meio bizarra de sarcasmo e lá no finzinho, uma esperança tímida como a pessoa que foi ao aniversário sem ter sido convidada.


Enfim, de nada mais me adiantam os tampões de ouvido, até porque ainda espero a Vida dizer de novo "vem cá!" porque dessa vez eu direi "nãão, venha cá você!".


2 comentários:

Sra Ivana disse...

Vim correndo ler...
Sempre me identifico muito com os seus textos, com a maneira como vc escreve, com os sentimentos q passam por vc...
É verdade, no Sta. Clara eu disse que havia muita coisa de sombria por aqui... mas nem vou mentir... quantas vezes o que vc diz é o que eu queria dizer...!
E essas coisas agora...
Sim, se vc for no meu blog vai ver q o espírito é outro, mas há esse lado aí, escondido, q este texto descreveu bem.
Carlinhos, grande abraço!:-DDD

Anônimo disse...

Fica difícil comentar sem ser repetitivo, não dá pra registrar apenas o que se sente ao ler seus textos, dá vontade de meditar sobre quem somos, sobre o que a vida é... ela tantas vezes calada, outras gritante( e não há tampões que aliviem)..vive nos enchendo de emoções e, boas ou más, sua arte é bela. Se sua vida não o é através dela, saiba que a vida dos que a lêem assim se torna...

Grande beijo!