16 dezembro 2010

Relances

É dentro de um carro rodando veloz numa tarde nublada, por uma estrada cinza e verde.
Um sonho, suponho.

É nas mãos e dedos delicados da mulher que dança, magra e de cabelos fartos e claros, um ritmo quebrado.

É esse movimento feliz e torto.
É um sorriso de susto.
Essa é a vida.

É o olhar por trás da cortina
O espião que apaixonou-se e esqueceu a missão

É o click do telefone desligando e a conta sendo rasgada ao meio
cair na cama de roupa e tudo.
Chorar...

É o tempo todo perdido, abanando os braços pros ônibus pararem
Todos os pacotes que vi esquecidos nos assentos desses mesmos ônibus

É a fumaça, a saudade do campo
Da amiga no Sul, do brinquedo da infância.

É a contemplação, o tempo todo
Dos homens e mulheres amados, do mar, e do céu.
Essas coisas sublimes e ilegíveis.

É a fuga do cheiro dormente da manhã
E o terrível fim da tarde que pontua os fracassos

Mais que tudo é o inexplicável movimento de pernas que vão e vão
Como se tivessem para onde, como se fossem firmes o bastante e como se fossem ágeis para a dança.

Esses sou eu nesse exato momento, há meses.

4 comentários:

Arthur Silva disse...

"É a fuga do cheiro dormente da manhã
E o terrível fim da tarde que pontua os fracassos" - não despertarei mais até a próxima encarnação ;-)

Lia Freitas disse...

Saudades da amiga do Sul!
Belíssimo, como sempre.

Anônimo disse...

feliz dezembro, feliz final de 2010, e maravilhoso novos dias de 2011 para todos nós. muito mais poesias e beleza e amor e tudo isso.
beijos grandes.

Carlos do Valle disse...

Sim, Drica. Muita energia boa pra 2011! Bjs