19 março 2011
Apenas Você
Gota a gota
Chuva de espinhos
Cristais que quebram em minha testa
Água, sangue, lágrimas
Tudo chove em mim
A lembrança de tua voz, cheiro e cabelos, me tangem como um violino triste, agudo de morte.
Dores, calafrios subindo.
Você tem a mania de olhar para o pôr do sol e sorrir pensativamente
Eu nas sombras, observo e choro, distante e suspenso
Flechas e flechas de amor e dor me atingindo nos órgaos vitais
De índios, não de cupidos.
Quando você se volta, me vê inteiro e banhado de azul da recém noite
E você ainda conserva a luz amarela do sol, ele lhe deu esse presente.
Nós dois, azul e amarelo, sombra e luz.
Quando eu te conheci, eu andava num ritmo cadente, levando livros na mão
De noite, abria minha janela e olhava a única estrela não encoberta de fumaça e luz artificial e inventava minha própria história de amor.
Na manhã seguinte, você me fazia rir com gosto, fechando meus olhos, que são grandes, criando covinhas e eu sendo gracioso por uns instantes.
Eu gargalhava o dia todo, abotoando com carinho algum botão da minha ou da sua roupa.
Mas eu sabia porque nasci sentindo as coisas fatais
Que me fazendo rir uma ultima vez, você ligaria o motor e partiria rapidamente, cabelos ao vento
E eu equilibraria no olho a lágrima.
E voltaria à realidade onde nem palhaços me fazem sorrir e às minhas histórias cada vez mais repetitivas e doentes sobre amor, janelas, única estrela e solidão.
Até que finalmente eu me renderia à mais mortal das certezas:
A dúvida se amanhã você viria me fazer rir ou chorar, não importava.
Contanto que viesse.
Você ou outra pessoa que me fizesse perder o gosto por histórias
E ser alguém feliz e sem imaginação.
Esse é meu sonho.
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6 comentários:
Adorei o texto.
Rasô.
Hummm voltou inspirado, hein? Uns dias sem internet lhe fizeram muito bem ;-D
Carlos, será que seu lado artístico precisa de suas dores mais profundas? Eu acredito que sim.
belíssimo texto, delicado e intenso, brilhante e dolorido.
beijos.
Se precisar, tem material pra muita coisa, viu Lucas rsrsrs
"Mas eu sabia porque nasci sentindo as coisas fatais"
Essa poesia é que é fatal, meu amigo! VRÁ! hehehe
Lindo de mais!
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