09 julho 2011

Ruído Branco




Quando a gente não tem um amor na garagem
Um carro esperando a gente na cama
Uma casa pra pular no nosso colo
Nem filhos bem localizados

A gente não se sente desse mundo.

Vivo querendo encontrar uma posição melhor pra dormir
Descobrir os dentes mais fortes, pra mastigarem os pedaços mais duros

Vaidade de vaidades, diz na Bíblia, tudo é vaidade.

E na austera simplicidade de existir, sem nada, sem chão, sem céu
A gente está fincado nesse mundo, como uma cerca clandestina


Acordei de um sono de cem anos, e descobri que o mundo tem apenas uma hora de existência
As pessoas não sabem me informar as horas, e eu nunca vou saber como fazer pra encontrar o que é vaidade.

As noites, mortas, não há ninguém na rua
O dia trará uma luz branca que não responderá nenhuma das minhas dúvidas.

Queria tirar pelo menos uma:
"Até quando?"

5 comentários:

Arthur Silva disse...

Teu filho, feio e louco, ficou só... :-(

Evelyne Freitas disse...

Na hora da faxina na alma,
Quando ousar abrir a porta do lado esquerdo do corredor,
encontrará um baú entreaberto.
Ali guardado na sala dos objetos esquecidos,tem uma estante e nela histórias emoduradas em capas pretas.
Caminhamos trêmulos, saimos pesadamente da penumbra para o escuro de fato.
Aquela certeza revelada,jogada,rasteira e insana de que a verdade sempre esteve ali.

Lucas Teófilo disse...

Sua alma falou da minha.

Lia Freitas disse...

"A gente está fincado nesse mundo, como uma cerca clandestina"

Isso foi o que mais me pegou! Adorei, Filho

Anônimo disse...

carlinhos sempre contundente, sempre real e realista, sempre poeta.