08 maio 2010

Para Não Passar em Branco.

Te dou minha melhor risada
Aquela que nem tenho mais.
Caixa vazia portanto.

Tenho outros sons
Quero dizer que tenho outros sonhos.
Aqueles que nem existem mais.

Te dou meus outros passos
Dos caminhos que não mais percorro
Das poeiras que não abaixaram
Das sementes no caminho que os pássaros não quiseram comer.

Tenho outras ruas
Quero dizer que tenho outras luas
Essas, sem fases.
Aquelas, sem luzes.

Tenho outro de mim para te dar.
Esse que nem morreu
mas é fantasma.
Esse que nem lembra
mas é memória
Esse que nem canta
mas é música

Te dou o que te cabe:
Nada.
Disso, tira o sumo
O resto é meu.

4 comentários:

Arthur Silva disse...

massa, muito sincero

Manuely Silva disse...

muito bom poema e boa atitude!
:)
volta a escrever, sinto falta dos teus escritos!
beijos

BrunoMariano disse...

lindo! :D

Mario disse...

"Te dou o que te cabe:
Nada.
Disso, tira o sumo
O resto é meu."

Vi um filme estes dias, muito lindo, chamado "De repente no último verão".
E nele, qual nesta estrofe, pode-se também ler que realmente muitas vezes damos nada ao outro, pois tratamos o outro como se estivéssemos tratando a nós mesmos ou tratamos o outro como se fosse uma parte de nós mesmos, uma extensão do nosso Eu, que, num certo dia, mostra que estamos bem errados. Por isso, eu achei bom vc dizer que não "damos"nada, que o resto é "meu", pois o que sempre sobra é o que nos pertence, o do outo nunca está em nossos domínios..viagem, né?
Prometi ler e estou lendo, mesmo que trechos e fragmentadamente...

espero que entenda, ou não.