19 maio 2010

Hora Nenhuma.

Até ontem a estrada era azul
E os ponteiros do relógio marcavam sempre sete horas.
horas de um passado que mal se corrigiu.

Ontem mesmo era cedo para sonhos
Raios de sol fraquíssimos davam a bênção.
Hoje anoiteceu, e nas estrelas, liberdade.

Até ontem, passos foram dados e tropeções eram bem vindos
Agora os pés descansam sobre sofás, descalços.
As mãos que gesticulavam loucas, hoje tocam violão.
Unhas inteiras, acordes maiores.

Ontem ainda se ouvia o pássaro cantando na gaiola
Doce, longe, triste, amarelo.
Ainda se ouvem assobios, bichos das florestas
Mais do que nunca as flores se abrem.

Tanta doçura dispenso ao hoje, esse presente momento que, sorrindo, vejo escorregar
Pobre ontem que vai no trem levando consigo aqueles cabelos negros e olhos ingênuos que me mataram.
Adeus, corre pra longe de mim.
Lá, onde o trem vai, cantam os tais pássaros amarelos.
Tão alto, tão doce, tão triste, que não me permitirão ouvir tua voz me chamando.

Hoje, para minha felicidade, é tarde demais.

3 comentários:

Arthur Silva disse...

"mande notícias do mundo de lá", diz quem fica...

BrunoMariano disse...

adeeeeeeeeus! :D

Ivy disse...

Cinco estrelas: *****
Todos os textos!
Dos sentimentos que os motivam, eu gostaria de não entendê-los.