18 agosto 2013

O Que Se Sabe.

Quando se anda pela casa no escuro, as mãos tateando, encontrando quinas, curvas e pés de mesas.
Se você entende e acredita que a luz nunca voltará.
Nem do sol, nem da companhia de eletricidade.


Desabando pra dentro de si
Você despenca: não há rede de segurança.
Só um abismo, interminável.
Um dia você olhou pra ele e sem perceber, o engoliu.
Como uma pílula preta e oca.

Sapateando, impreciso por entre a vida
Tua esperança, teu sonho, tua infância
Teus pés não servem pra nada
Não há sustentação na tua espinha, ela cedeu ao peso

Você chora, chora e nada acontece
Nenhuma fada, nenhuma estrela
Nem mesmo teus próprios punhos, nem tua coragem
Nem tua força, nem tua valentia, nem teus dedos longos
Tudo desaba, tudo virou o rio do abismo.

É mais profundo que você pensa
Você não pensa sobre isso
Não há o que pensar: você sequer sente coisa alguma.

Você morre rapidamente, todo dia
Aliás, você só morre.
Vai morrendo assim, ao atravessar a rua, ao beber a água, ao escrever o texto, ao dançar a música, ao ouvir quem você ama falar, ao entender o que ele diz, ao quebrar a unha, a recusar ajuda, a receber ajuda, você simplesmente morre o tempo todo.

E encontra o interruptor.
Nada de luz. Não é por esse sistema elétrico, não é pela  estrela de quinta grandeza.

É você:
Acabou.

"És importante para ti porque só tu és importante para ti. "
(Fernando Pessoa)

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