25 outubro 2013

Binóculo.


Nem tenho uma coleção de objetos que contem histórias
Guardados em alguma caixa bonita que costumizei.

Essas coisas fugiram de mim já ao nascer.

Qual o sentido de você amar as pessoas
E elas irem embora de você?
Melhor seria não ter conhecido?
Sim. Não. Sim.

Queria eu ter a vista boa
Para enxergar além dos continentes
Se alguém por aí é tão sozinho
Encolhido num canto de um apartamento
No escuro, chorando.

Já estive assim, de lá via o tráfego na madrugada
Pela janela, pessoas que tinham uma vida.
E eu não me sentia uma delas.

A dor é que passam anos, carros, calendários
E você, independente das acrobacias que faz,

Continua lá: às vezes encolhido dentro de você mesmo.
Esperando desaparecer.

Todos estão segurando suas malas e dando passos decisivos a alguma estação
Trilhos, apitos, acenos, imagens da década de 40.

Queria eu ter as pernas longas o bastante

Para saltar ao passado, do dia em que nasci
Do dia em que saí ao sol, achando que ele seria meu cúmplice, minha testemunha
Nem sol, nem lua, nem um homem sequer na face da terra.

Meu mundo desaba aos poucos:
Às vezes cai toda uma parede.


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