E a gente começa a congelar de dentro pra fora
Os olhos denunciam aos mais sensíveis
Mas só as mãos, quando finalmente desabam ao longo do corpo
É que descaradamente anunciam ao mundo:
Alguém desistiu.
Será possível ainda ver um sorriso?
No rosto último, urgente e franco
Um rosto que desaparecerá em qualquer curva
A qualquer momento.
A palavra fugidia que ficará no ar
Músicas que nunca mais serão cantadas
Lembranças, memórias, voarão para prateleiras
E lá ficarão, pra sempre, perdidas na poeira.
Os sinais todos fechados
Nenhum sinal porém, importa
Ele já se foi, em um minuto estava aqui
E num piscar de olhos não está mais.
O gelo cristalizou as dores
Deixou gestos incompletos, um soluço no ar
Ninguém se despede silenciosamente
Os ouvidos é que estejam talvez surdos
Nem todo mundo diz "adeus" ao se despedir
Às vezes não há abraço, nem beijo.
Só o lugar vazio, a lacuna, a cama desfeita.
Pois o mundo é feito dos sonhadores que ficam, e dos desesperados que vão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário