04 outubro 2013

O Adeus, Antes de Qualquer Outra Coisa.

Um dia, um gatilho
E a gente começa a congelar de dentro pra fora
Os olhos denunciam aos mais sensíveis
Mas só as mãos, quando finalmente desabam ao longo do corpo
É que descaradamente anunciam ao mundo:
Alguém desistiu.

Será possível ainda ver um sorriso?
No rosto último, urgente e franco
Um rosto que desaparecerá em qualquer curva
A qualquer momento.

A palavra fugidia que ficará no ar
Músicas que nunca mais serão cantadas
Lembranças, memórias, voarão para prateleiras
E lá ficarão, pra sempre, perdidas na poeira.

Os sinais todos fechados
Nenhum sinal porém, importa
Ele já se foi, em um minuto estava aqui
E num piscar de olhos não está mais.

O gelo cristalizou as dores
Deixou gestos incompletos, um soluço no ar
Ninguém se despede silenciosamente
Os ouvidos é que estejam talvez surdos

Nem todo mundo diz "adeus" ao se despedir
Às vezes não há abraço, nem beijo.
Só o lugar vazio, a lacuna, a cama desfeita.

Pois o mundo é feito dos sonhadores que ficam, e dos desesperados que vão.



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