Participem ao mundo os segredos
Que existem dentro das nozes
Dentro das coisas ôcas
Informem aos sobreviventes a dívida que terão de acertar
Divulguem o local do túmulo, coloquem maçanetas nas tampas
Para que os próprios mortos possam se trancar.
Revelem que não é segura a primeira rua à esquerda
Digam que a faixa de pedestres sumiu com o tempo
Escondam as tesouras e facas amoladas recentemente
Mostrem os selos de segurança e as caveiras nos venenos
Eduquem os corações para as noites solitárias nas grandes cidades
E organizem os rumores das rezas à luz de candeeiros nas pequenas vilas.
Apaguem velas, queimem incenso
Joguem fora o almoço de hoje
Deem as pérolas aos porcos
Anunciem como se lêem pensamentos
Cacem as bruxas e reservem um lugar para elas nas torres altas
Cancelem a festa de aniversário
Atualizem os romances
Sinalizem a saída de emergência, quando houver
Esclareçam as letras miúdas dos contratos
Decodifiquem as bulas de remédio
Esqueçam o mal que o sol faz à pele
Desistam de ver a lua cheia
Seria tão mais fácil se tudo fosse à luz clara
Se soubéssemos do teto condenado a cair
Sobre nossas cabeças de cabelos fracos
De pensamentos tristes e juvenis
E nossos corpos tensos e cheios de boas e más intenções
Pela última vez
Avisem aos próximos
Que alguém retirou as placas de perigo
E minou o terreno.
03 julho 2010
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