06 julho 2010

Inerte

A sensação é que tudo já foi dito
E talvez tenha sido

Hoje me desarmo das palavras pra dizer:
Esse texto que escrevo é simples e pobre.

Mas é assim que ficam os corações quando recomeçam.
A amar e a esquecer.
Ao mesmo tempo.

Cada vírgula é imprópria
As páginas em branco estão por dentro de mim.
E elas não passam de borrões e rascunhos.

Aquele familiar gosto doce de mágoa
Fazendo minha boca salivar
E os olhos fazerem o que mais sabem: lágrimas

Um texto pífio de lamento e desordem
A tendência de um corpo cansado de navegar
Por mares salgados

Uns olhos sem brilho, uma voz rouca
Um grito de carinho preso na garganta
Se recusando a ser engolido.

Quem sabe, nesse exato momento
Eu esteja desistindo de ser poeta
E sendo apenas um sofredor comum
Sem nenhum charme
E contas a pagar

2 comentários:

Art disse...

simples, porém verdadeiro. isso é da maior profundidade.

Lia Freitas disse...

Pode até desistir, mas ser poeta é sua sina!

Tão simples, mas ainda muito bom!