09 agosto 2010

Episódio Final



Meus segredos acabaram
Outros capítulos de novela virão
Sem reviravoltas, sem casamento nem gravidez
Aqui os vilões são recompensados e o sofrimento dos mocinhos continua após os créditos subirem.

Os atores se despem do papel mas continuam padecendo.
Nada no mundo consegue ser diferente da vida.

Meu cansaço chega longe, estrada eterna de poeira
Versos e mais versos, varridos e reciclados
Todas aquelas manhãs que acordei e vi o céu azul
Eu desejava inventar um novo prazer

Eu enganei meus próprios segredos
Perdi meu controle remoto, não sei (me) desligar

Não sei interpretar um papel sequer, nem de bêbado, nem de mocinho, nem de vilão, nem um personagem de Shakespeare. Nenhuma palavra em minha boca é convincente.

Não sei amar, nem sei não-amar
Sei dizer as palavras erradas, sei ser a pessoa errada na hora errada.
Na hora certa, eu não nasci ainda.

Não sei estar cansado, mas estou
E é desconcertante não saber fechar os olhos para dormir
A vida parece tão longa de estrada de poesia de poeira de dor de pó de amor

As poesias parecem tão longas, também

Poesias...
Inúteis.
Sempre foram.

Um comentário:

Art. disse...

achei que vc tinha se atirado novamente na areia movediça, mas vejo que está saindo do pântano. só peço que tome cuidado para não se perder antes da aberta e segura campina que vem depois dele. saia desse limiar entre a luz e o labirinto e seja forte.