23 agosto 2010

Para Eu Ser Só

Tudo foi friamente arranjado
Cada guardanapo e cada rotação da terra
Para que eu fosse só um apaixonado

Cada mistério entre o céu e o abismo
Cada máquina ordinária feita pelo homem, cada engrenagem
Tudo rangendo por aí, tudo girando e caindo
E eu somente um poeta

Cada flor dada, cada sorriso, cada beijo, o pão que deixei de comer para te dar
E sou só um cantor

Eu mesmo enchi minha cama de cravos
Eu mesmo, minha culpa minha máxima culpa
Eu abracei pra mim todos os erros do mundo para te inocentar
Fui álibi e testemunha
Quando tudo terminou, eu fui sozinho para casa

Ouvi risos, pareciam vir da cozinha
Sons de pássaros revoando, talheres espalhados
A mesa foi posta para dois lugares, mas sento e vejo o vazio
Por eu ser só um amigo

Os ventos trouxeram papéis e folhas secas
Vi versos que fiz passando por mim, soltos e brancos
Vi teu rosto nítido e de olhos fechados
Um Deus um dia resolveu que eu ia nascer e amar e amar e amar
Para ser só.

3 comentários:

Art. disse...

nem pisquei lendo, o ritmo da poesia ficou ideal. mas, SUPERE "ISSO"

Lia Freitas disse...

ave maria...

o que comentar?

tuas poesias as vezes me calam!

Só o que posso dizer é, Lindo!

Unknown disse...

Rapaz, que versos lindos!