21 setembro 2010

Ao Vento

Você promete que nunca vai me deixar enlouquecer?
Cantando canções de partida e chegada
Segurando com força meus próprios dedos?

Que no próximo natal não vou imaginar ouvir anjos e sinos?
Nem que vou chorar em janelas, vestindo roupa nova e vermelha?

Que não vou estar correndo pra atender o telefone
Em plena virada de ano?
Sem ver nenhum desenho no céu?

Promete que me fará dormir sem a passiflora e a erva cidreira?
Que matará a serpente do meu pesadelo?
E que os gatos não farão barulho nas latas de lixo da rua?

Promete que depois da tempestade virá a bonança?
Me contará histórias orientais e brasileiras?
Promete que desliga a tv se eu dormir?

Ou tenho que carregar todas as malas, sempre?
E limpar toda a bagunça
da festa que não fui?

Vou ter que eu mesmo segurar a pá que lançará terra sobre meu túmulo?
E cruzar as mãos no peito, tentando não sorrir de ironia?

Vou ter que cantar as canções sozinho?
E ser meu próprio vigia, sem turnos nem descansos?

Tenho que inventar as respostas
Das perguntas que você me fez?
Tenho que sorrir no final quando você me dá as costas?

Ou posso simplesmente soltar o que tenho nas mãos
Sem me preocupar que se quebre?
E se for cristal
E se for muito?
E se for eu?

2 comentários:

Art. disse...

o problema é que a palavra de certas pessoas, pelo visto, ou não vale nada ou é negada pelas próprias, em atitudes.

Carlos do Valle disse...

sim. e nao há amor nem dor no mundo que mude isso :/