06 junho 2010

Desbotada

Pego aquela antiga esperança que estava no cesto de roupa velha
Basta ser costurada novamente
Não me cabe mais, mas talvez eu emagreça.

Todo dia de manhã, ela na ponta dos pés olhava a rua
A janela foi um erro de cálculo, ficou alta demais
Os vizinhos esperavam dela o cheiro de café
Quando soube disso, ela passou a fazer chá.

De noite ela se cobria toda na cama
Nada ficava de fora. O gato a procurava e não a via.
Não era esconderijo, era aconchego.
Mas ela não percebia o quanto os outros precisavam vê-la.

De tarde ela não existia, seus vestidos verdes ficavam pendurados no varal, sem dona.
Nunca foi vista na hora que o sol se põe.

Sonhei com lares melhores para minha esperança de menino
do que um velho cesto de roupas.
Mas sua traquinagem e sumiços ocasionais, levaram-na ao desuso.
Aprende a lição agora, verdinha.
Recupera tua cor.
Que eu faço a minha parte.

2 comentários:

Arthur Silva disse...

genial, é como se clarice escrevesse poesias. seria vc adélia prado?

Carlos do Valle disse...

brigadoooooo
sou apenas kem sente e padece, como as citadas
;)