14 junho 2010

Olha (II)

Falta pouco para tudo acabar
Já vejo o sentimento sendo engolido pela multidão

Não passo de mais um refugiado
Habitando porões mais uma vez.

Um dia você me encontrará em meio a cobertores
Com o rosto sujo de fuligem, e os olhos assustados
Porém ao ver a porta aberta, fugirei
E você nunca mais me verá vulnerável

Há no mercado uma máquina
Que reinventa o usuário.
A partir da sétima vez que a máquina for acionada
A gente sai dela outra pessoa

Não é tudo que vai acabar
Só o que importa realmente
As coisas supérfluas e intangíveis, as espumas, continuarão

E um dia você ainda me verá
O mesmo de sempre
Ainda que saindo setenta vezes da máquina
Que em um determinado ponto
Faz a gente voltar a ser o que era no começo.

Mas aquele porão que habitei,
Só foi meu lar por um único dia
O suficiente para me sujar de fuligem e assustar meus olhos.

Mas nada que a máquina não resolva.

Talvez hoje exista a solidão
Porque você entendeu a engenhosidade da máquina
Como uma caixa de Pandora que liberta males.

Tudo isso porque:
Um dia você me viu
E olhou para o outro lado.

2 comentários:

Arthur disse...

eskeça as consequências, elas são sempre um big bang q incha, encolhe e se torna vida depois.

Anônimo disse...

Sua arte é linda e única!